na sua ausência

na sua ausência faço as refeições do dia durmo doze noites por hora líder de toda a cambada já sou chefe do diretor e já sei como é ter puxa-saco no corredor. na sua ausência mil amigos aparecem me chamando pra jantar dizem que sou bom partido e que querem se casar eu já sei […]

minha dose

lamento, meu amor, mas é minha essa cicuta. dá aqui minha dose que é pra me apagar por essa noite, talvez na próxima e nunca mais. não tô afim de pagar pra ver o que está pra acontecer. essa vida é feita de caminhos traçados mal cruzados e alinhavados que, com o tempo, soltam minha […]

anônimos

eu me misturo a todos eles em seus sóis, suores e sonhos, com a cabeça repousada por sobre os ombros. eu me misturo a todos eles em seus horrores, horas e honras, de batalhas perdidas e grilhões mantidos à sombra. eu me misturo a todos eles como uma colegial uniformizada, em sincronia com a fila […]

morena

olhe ao redor, morena, não há nesse baile, moça mais formosa qu’ocê, não há… seu vestido, morena, é o sol que alumia a noite e deixa a lua envergonhada, óia lá! ela já saiu pra passear… seus passos vão pra frente, pra trás e eu nunca sei, moça bonita quanto tenho que esperar giram a […]

o saci

pula pega corre, o saci! pula pega corre e se manda daqui! se esconde atrás do cocho com a água do moço que roçava o capim. pula pega corre, o saci! pula pega corre, deixa o gorro cair. o moço, no pique, repica co’ a enxada quase decepa o guri! safado, devolve meu copo – […]

homem de gelo

quando o dia chamar você pra caminhar na areia cinza e seus pés na água molhar, voa pra lá, não diga não que o sol te espera no mar. os carros correm loucos demais homens com pressa de chegar não é pra você este lugar. esquece tudo, nem pare pra ver que o sol está […]

tapume

este céu que lhe cobre a cabeça não é azul, eu sei, daquele mar e esta luz que te acorda na cama não é de sol, eu sei, nem de luar sua gravata vermelha, meu bem não é borboleta, não vai voar e as paredes em volta da mesa são só tapumes pra tapear o […]

enterrado vivo

a solidão me acompanha em mais uma taça vazia. e essas pessoas que vejo se sentem tão arredias diante de mim, pobre eu que nada quero do que tenham. justo eu! que agora observo, distante de tudo, o sossego. minha taça transborda e seca como a vida do rio que se vai. eu não tenho […]

deixa

– vai, deixa ser a sua sina ser a longa data pra tão pouca vida ser o seu costume dar às suas dores minha rasa medida o que custa, vai, deixa que eu fique e que seja sempre a que chora quando vai embora no cair do dia que há em toda hora vai, me […]

a sete chaves

quem vai me pôr os limites da boca até os ouvidos? quem vai me fazer parar encher seu copo de vinho barato, vidro trincado com esse amor divino? barato, vidro trincado com esse amor excessivo? não interessa se o vento sopra a favor do que eu sinto bastava que me dissesse que é que eu […]