para zerar o cronômetro da vida
tive que zerar meu conceitos.
abandonei os paradigmas.
despi-me de preconceitos.
soltei minha mochila cheia de cacarecos
caindo e retumbando em meus ouvidos.
liguei o som, estufei o peito e corri.
com o asfalto comendo meus pés
senti todas as dores que guardei
durante tanto tempo sem precisão.
quis olhar para trás, mas não pude.
sabia que desistiria.
e na estrada, muitos rostos reconheci.
todos aqueles a quem devia
um centavo, um obrigado,
uma desculpa, um surra.
e assim fui deixando para trás
todo o peso que carreguei
junto com a minha mochila velha
e a vaga idéia do que seria o hoje.

hoje, com o cronômetro zerado
tento prever meu erros.
mas não sou tão previsível assim.