Angústia. Letras tortas de uma noite cheia de tetos. Acompanhada de solidão, sinto um frio na boca do estômago, que nada tem a ver com as coisas que comi.
Meus olhos choram para dentro, secando as imagens captadas por ela, a menina. A menina dos meus olhos também chora, sentada no meio-fio. Meio fio de esperança em meio foco de luz, distante das mãos que sustentam a cabeça.
A aflição aumenta à medida que as linhas acabam. Esgotam-se sujas de tristeza, impregnadas de excessos. Prolixo. Pro lixo. Para o lixo vão as palavras, mas e o que sinto? O que sinto? Não sei. Nem sei se vale a pena fazer psicanálise para saber. Já nem coloco os pés na igreja, porque sei que vou chorar. Copiando o grande compositor, “se eu suspirar, eu choro”.
E ninguém está realmente preocupado com a sua situação. Digo sua para não encarar que a situação é minha, a mim pertence, é uma extensão do meu ser caído. Que não abram a boca para dizer que estou infeliz. Isso é uma grande mentira. Estou feliz; só sou uma pessoa geneticamente triste. Traduzir? Não, obrigada. Sinto-me melhor como incógnita.
Inquieta já não estou, porque a aflição atingiu seu pico máximo na última linha; então eu virei a página. Tudo aquilo não morreu, mas vive em coma. Porque o coma é assim: aquela vontade de viver morta, sendo velada pela teimosia do resto.
Não me pergunte se ainda quero falar, pois há tempos não pronuncio sequer uma sílaba. E eu lamento muito não ser abençoada pela exclusão digital, porque os cérebros eletrônicos sugaram minha língua, e com ela todo o seu veneno vital.
Em coma, comendo e chorando. Os três gerúndios tristes, por mais disfarçados que sejam pelas facetas gramaticais.
Quero parar de escrever, mas é falta de polidez para com o leitor terminar assim, com apenas um ponto final. Então lhe dou três…