eu quero ao menos que saiba
de tudo que sinto e me escapa
à rotina, à palavra e ao dia
mas não à superfície e à alma.
do sentido que me mostrou e me deu
de presente e colheu em semente
da saliva que ferve e irriga
nossos lábios e olhos e ventre.
quero que reconheça em meu corpo
todas as matizes do mais sincero,
escancarado e descarado desejo,
de quando te vejo depois que te espero.
quero adorar sob medida
quem quer amar por toda a vida
com a incoerência adolescente,
da primeira vista ao inédito de todo dia.
quero que sinta com perfeição
os movimentos que o levam perplexo
aos acidentes por onde caminha,
até pulsar sincopado em excesso.
e finalmente perceba o espaço
que ocupa único constante e vasto
nas entranhas do mundo que sou
sua essência de amor em frasco.
06 Junho 2005
Ò Mulher…
Olha p’ra mim.
Tenta ver-me,
nos meus olhos.
Vais ver o meu reflexo a aparecer nos teus.
Fala comigo.
Escuta os meus sentimentos,
ouve quem sou.
Assim, perceberás sempre o que digo.
Toca-me, afaga-me o peito.
Apazigua-me a alma,
liberta tormentos.
De todos os momentos da nossa vida, no nosso leito.
Cheira…
O odor da minha pele,
o calor que exalo.
Nos teus pulmões, nas tuas veias, no teu halo.
Saboreia o meu sentir.
Deixa-o fluir,
por entre os abraços dos nossos sentidos.
Quando nos estamos a amar.