365 dias. Com tantos assim, não é possível que haja um igual ao outro. Dias em que você acorda com aquela música do Chico e não consegue fazer outra coisa senão assobiá-la. Dias em que você se olha no espelho e diz: “hoje estou tão irresistível que, se eu fosse outra pessoa, tropeçaria na rua de tanto olhar para mim”. Dias em que você não tem forças nem para chegar à porta do banheiro. Dias em que você levanta com um espírito de mudança e, quando chega ao final do dia, percebe que não fez nada diferente e nem por isso errou. Dias em que você desperta com um desejo incontrolável de vencer na vida. Dias em que você se levanta da cama assustado, tropeça no sapato que estava no meio do caminho, dá de encontro com o guarda-roupa e sai rindo de si, correndo lavar o rosto antes que mais alguma coisa aconteça. Dias em que você pára de fazer tudo o que estava fazendo e pensa em cada dia que passou. Faz uma restrospectiva, junta da televisão ou não.
E chega, dos 365, o dia que você esperou durante 358. Muita alegria e esperança toma conta da alma. O tal espírito natalino é mesmo o máximo, não? Dá a impressão de que o 25 de dezembro é o melhor dos 365 dias. Você se reúne com pessoas que estavam sempre aí, durante os 358, mas, no 25, o brilho delas parece mais intenso. Você passa 5 dias em êxtase, com a sensação de ter descoberto o maior tesouro escondido no fundo do mar e que, na verdade, estava escondido em você.
E quando você já está se acostumando com a idéia de que tudo foi só impressão, vem o último deles. O 365° dia (poder abreviar é ótimo). O dia em que você é novamente invadido por emoções diversas e misturadas no meio do peito, e que vão anestesiando o corpo. Este sentimento geralmente é chamado de paz-felicidade-saúde-realização-sonho-verdade-luz e que, talvez por um erro dos cartões de Natal, é colocado forma separada. É tudo um sentimento só.