me perdi nas entrelinhas
tentando explicar o que vejo
nesse oceano azul que se abriu
e deságua em frente do espelho
mergulhar nos seus olhos e ver
as coisas que sinto em você

me perdi já que é humano
sentir o que não é óbvio
por mais claro que seja o motivo
por mais errado que seja o castigo
de não te ter, mas mesmo assim querer
as coisas que sinto em você

turbilhão sob a minha pele
na corrente veloz sem barreiras
leva o simples do amor pra bem longe
faz de conta que tudo é tão perto
esse medo que dá de arriscar
que não há nada nem nunca haverá
escrevo só pra entender
as coisas que sinto em você

* As coisas que sinto em você é música de Christiaan Oyens e letra de Lívia Gusmão

11 respostas

  1. Poesia confessional-enigmática… percebi umas rimas sutis, mas não identifiquei se são propositais ou acidentais… a métrica ainda domina a construção… que tal mais liberdade para as palavras, as frases podem fluir mais naturalmente, em concordânica com os teus sentimentos na pele da flor

    1. Então, Ziur, se rima, se há métrica, nada é pensado. Mais livre que isso, só se eu realmente pensar pra ser. Aí não seria mais.

      🙂

      Vou pensar a respeito com certeza, já que você é responsável pela arquitetura em meus textos!

      Beijo grande!!

  2. é que você está cada vez melhor e a sutileza das rimas vai saindo cada vez mais fácil, mas nunca esquecer da consciência da construção. O sentimento é apenas uma face da Poesia. bj

  3. Com todo respeito ao Peterson, não há “consciência da construção”, porque a Lívia não é uma arquiteta de palavras, ela é uma caçadora de emoções completamente antenada no presente. Sua escrita tem ritmo, suíngue, tensão e resolução. Não sou um especialista em poesia, mas sim sou com forma e sua prosa tem FORMA. Tentar alterar isto significaria uma ruptura com seu estilo aventureiro e instigante.

    1. Então, acho que é por aí 😀
      É que eu não sei fazer diferente também rs… Não sei se consigo mudar o que escrevo de maneira pensada. Talvez eu mude pelo que sinto que ficaria melhor ou mais adequado à emoção do momento mesmo…

      Obrigada pelos comentários!
      Beijos!
      🙂

  4. Com todo o respeito à Chris, e sem desmerecer nunca os sentimentos da minha adorada Lívia, reafirmo que há sim essa “consciência de construção”, por exemplo, na própria estrutura do poema: quatro grupos de quatro linhas. Acho que o labor ‘pós-sentimento’, mais racionalizado, pode acentuar os ‘efeitos’ poéticos, harmonizar as alternâncias sonoras, etc. Ao ‘enquadrar’ a escrita nos moldes clássicos (como no poema que nos serviu de pretexto para esta conversa) também estamos construindo forma da linguagem. Putz, agora me lembrei que me esqueci da palestra do Aldo Vannuchi sobre Linguagem. Já era… (rs)

    1. Hahahaha!!! Aee, Ziur! Esqueceu da palestra pra ficar lendo meu blog!!!! Isso sim que é vitória o/

      Entendo a opinião de ambos e acredito que as duas vertentes têm sua coerência. Às vezes, consigo retrabalhar um texto – como agora tenho feito em parceria com Christiaan – e acho válido, assim como Peterson.

      Mas, publico “o que aparece primeiro”. As reflexões vêm depois de conversas como esta 🙂
      Quando acho uma saída mais bonita, e ainda alinhada ao sentimento do momento, não tenho o menor problema em alterar a primeira versão. Melhorar sempre; mudar, quando necessário.

      É isso!
      😀