A você disse que pintaria
o vento de lilás
e viveria da arte de pintar,
vivendo de vento pintado,
pintando a poesia no ar.
Só não disse que quem
me deu o poder de colorir
o que não vejo foi você,
senhor dos sonhos impossíveis,
que de tão impossíveis
chegam a ter simplicidade
se puder ao seu lado sonhar.
E você riu de mim,
achando graça em minhas palavras infantis.
Eu, criança que sou,
por dentro chorei.
Você não viu
a beleza do vento lilás,
nem do marinho azul
do céu a nos cobrir.
Felizmente sua distração
é passageira
e meu choro encontra fim no seu olhar.
Você se virou para mim
e com cara de quem pinta de lilás o vento,
pintou meu sorriso de dentro,
dizendo tudo sem falar.
E o meu pranto saiu vermelho,
correndo degraus da escadaria do espelho.