simples demais

queria uma coisa simples, muito simples. porque o amor é simples, mas não é comum encontrá-lo por aí. queria ser o que fomos um dia, quando pouco se dizia. quando pouco se fazia questão de entender. queria paz e sossego, simplicidade e um pouco de poesia, enquanto você fotografava a vida em silêncio. quem sabe o […]

pra não pensar

a partir de hoje, minha única dificuldade é decidir o que é melhor pra mim. e isso eu devo somente a você, que transformou minha vida nessa coisa esquisita, sem pé nem cabeça e mil pesadelos medonhos em que eu te vejo voltar. se meu esforço pra não pensar é imenso, o que pode estar […]

fio da meada

porque me sinto doente. porque me sinto perdida. porque estou tão nervosa. porque não estou produtiva. porque me sinto cansada. porque estou exaurida. porque perdi o fio da meada. porque não lamento um só dia. porque não me falta coragem. porque sou igual e sou ímpar. porque assumo minha parte. porque não sou perda de […]

farpa

alguém me arranque essa farpa. tirei os sapatos para sentir a grama. agora não posso mais andar.

ela lhe cai bem

a morte não perdoa os fracos de fé, mas não isenta os que trabalham também. a morte zombou da sua cara na sinagoga e pegou sua alma como refém. a morte colocou sua reputação em xeque quando mostrou que você é fraco e que ela é a reencarnação do bem. agora me diz: você escolheu […]

postulado

eu já disse e repito: vivo para escrever e escrevo porque vivo. sobreviver é o que faço enquanto nada tenho escrito.

rubra revolta

em protesto ao dia que não chegou, hoje eu passei batom. era um daqueles dias esperados. daqueles que se espera com certo desespero. o dia não chegou e eu, em protesto, assumi o vermelho. não gosto da cor da minha boca porque é rubra demais. o inferno na cara. hoje resolvi que não disfarçaria. sangrando […]

pobres famintos

pobres famintos que subestimam migalhas e nem sabem do banquete, que nunca viram restos, da fartura, nem cheiro sentem. pobres famintos só veem sombras e sobras onde a fogueira acende; cuja maior dor não é fome, mas a cegueira latente. pobres famintos em trapos rotos de seda repousam corpos e traumas e esperam o pão […]

casa de partir

  não, eu não estou mais em nossa casa a chorar. deixei tudo que pesava e não dava pra levar. cama por arrumar, louça por lavar, corpo por amar. e o amor, de grande, me convenceu a partir. não, eu não trouxe nada que pudesse te lembrar e nem assim consegui deixar-te para trás. olha, […]

o fim dos meios

não acredito nos meios. saia da superfície. não quero nada pela metade. meio-amor não existe. não acredito em passado, castigo que foi embora. as águas que já rolaram não bebo depois da hora. se o futuro é o que busca, é bem longe do agora. se só quer deixar sua marca, arranco minha pele fora.