Não há nada que cause mais surpresa do que a tristeza cotidiana. Sabe, a tristeza não é algo que se escolhe e, como já escrevi, não é um motivo para competir. “Minha tristeza é maior do que a sua” não existe. Existe respeito à tristeza do outro e ao próprio sentimento de perda. Existe o tempo dado, necessário para superação. Existe paciência e compaixão, empatia – essa palavra usada tão pejorativamente hoje em dia.

Sabe, existe o espaço da tristeza e o espaço do abraço, que ocupa melhor com silêncio, como um emplastro sobre o vazio da perda. E existe a cola do abraço que custa a sair e só faz algum barulho na chegada hora de soltar. Pode ser um “está tudo certo, vai ficar tudo bem”.

Não se escolhe a dor do dia, nem o dia da dor. Mas, quando ela vem, não há mágica, não há autoajuda, não há vodka que faça esquecer. O caminho mais curto para dissipá-la é a aceitação e o silêncio. E o abraço de quem tiver pra dar.